quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Fotos e filtros


Com o avanço da tecnologia e sua difusão praticamente indistinta, tornou-se comum ver as pessoas munidas com seus aparelhos celulares fotografando a si mesmas ou qualquer outra coisa, pessoa ou paisagem.

As fotos sempre carregaram consigo o objetivo de eternizar momentos importantes (claro, não me refiro aqui ao uso profissional da fotografia, catálogos etc), guardar algo vivido num dado tempo e espaço, fazer lembrar algo, permitindo assim, a revivência de emoções, sentimentos.
No dicionário, fotografia significa “arte ou processo de reproduzir imagens”. No entanto, é interessante observar o quanto as relações que estabelecemos com determinados aparatos e ferramentas modificam seu uso e até destoam do que é descrito como conceito.



Hoje em dia, além do hábito de fotografarmos tudo, a manipulação das imagens através dos mil e um recursos disponíveis – como os aplicativos – faz com que a relação e o uso que fazemos da fotografia seja algo diferente da simples reprodução de imagens, eu diria até que nossa prática permeia o campo da produção de imagens.
O que fica eternizado através da fotografia não é mais, muitas vezes, a imagem da cena como esta se deu, ou as pessoas como estavam, mas uma cena modificada, “filtrada”. E será o que tanto queremos filtrar? Os momentos são construídos para serem, então, exibidos.
O céu fica mais azul, as cores mais vibrantes, um dia cinzento pode até ficar claro e colorido. Do ponto de vista criativo, interessante!
Mas a questão importante que devemos nos colocar, é se estamos mais preocupados em exibir momentos belos e filtrados do que em viver os momentos em sua real intensidade; se uma imagem idealizada da cena está tendo mais valor do que a própria experiência de tê-la vivido.

Ingrid Rohem de Souza Santos

Psicóloga - Psicanalista

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