Com o avanço da tecnologia e sua difusão praticamente
indistinta, tornou-se comum ver as pessoas munidas com seus aparelhos celulares
fotografando a si mesmas ou qualquer outra coisa, pessoa ou paisagem.
As fotos sempre carregaram consigo o objetivo de eternizar
momentos importantes (claro, não me refiro aqui ao uso profissional da
fotografia, catálogos etc), guardar algo vivido num dado tempo e espaço, fazer
lembrar algo, permitindo assim, a revivência de emoções, sentimentos.
No dicionário, fotografia significa “arte ou processo de reproduzir imagens”. No entanto,
é interessante observar o quanto as relações que estabelecemos com determinados
aparatos e ferramentas modificam seu uso e até destoam do que é descrito como
conceito.
Hoje em dia, além do hábito
de fotografarmos tudo, a manipulação das imagens através dos mil e um recursos
disponíveis – como os aplicativos – faz com que a relação e o uso que fazemos
da fotografia seja algo diferente da simples reprodução de imagens, eu diria até
que nossa prática permeia o campo da produção de imagens.
O que fica eternizado através
da fotografia não é mais, muitas vezes, a imagem da cena como esta se deu, ou
as pessoas como estavam, mas uma cena modificada, “filtrada”. E será o que
tanto queremos filtrar? Os momentos são construídos para serem, então,
exibidos.
O céu fica mais azul, as
cores mais vibrantes, um dia cinzento pode até ficar claro e colorido. Do ponto
de vista criativo, interessante!
Mas a questão importante que
devemos nos colocar, é se estamos mais preocupados em exibir momentos belos e
filtrados do que em viver os momentos em sua real intensidade; se uma imagem
idealizada da cena está tendo mais valor do que a própria experiência de tê-la
vivido.
Ingrid Rohem de Souza
Santos
Psicóloga -
Psicanalista