Muitas receitas são vendidas por aí prometendo a criação
perfeita para os filhos e oferecendo garantias para que os pequenos tenham um
futuro brilhante. É comum vermos crianças com a “agenda cheia”, passam grande
parte do dia intercalando atividades como balé, curso de idiomas, futebol,
natação, aulas particulares, aulas de música etc. Longe de fazer uma crítica ao
valor dessas atividades, mas, ao contrário reconhecendo o quanto elas são
importantes para o desenvolvimento e
crescimento das crianças. Mas é importante observar que, muitas vezes, o tempo
da relação, da convivência entre pais e filhos perde o lugar, acaba
negligenciado em prol da tentativa de ser um pai perfeito e ter um filho
perfeito.
Sabemos que não existe receita de bolo para criar filhos,
que não existe manual de instrução, que perfeição não existe... mas será que
sabemos mesmo?
Quando se tenta buscar incessantemente a perfeição nos
filhos, os pais acabam não deixando lugar para os erros e defeitos tanto dos
filhos quanto os seus próprios.
A falha precisa ser incluída na relação, acolhida através da
relação e não renegada ou rechaçada, pois do contrário, daí pode recorrer
grande sofrimento por parte de ambos, pais e filhos.
A relação, na sua riqueza de valor para formação dos filhos
fica refém de uma ilusão de perfeição, de uma utopia e acaba por não ser
vivida, convivida.
Ingrid Rohem de Souza Santos
Psicóloga –
Psicanalista
Extensão em Clínica com
Crianças e Adolescentes - UFF
Nenhum comentário:
Postar um comentário